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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Alvo de crise financeira, Grécia é país das oportunidades para empresária brasileira

 

País que passa por uma de suas piores crises financeiras, a Grécia dividiu em duas fases a vida da empresária brasileira Viviane Fiorentini, de 36 anos, que trocou o subúrbio do Rio de Janeiro pela capital grega, Atenas, há 16 anos.

“Crise, nós temos em todo lugar. Mas os gregos abriram as portas para mim. Isso fez com que eu me adaptasse muito bem, e hoje sou apaixonada pela Grécia. Não quero mais sair de lá”, afirma a carioca, de férias no Brasil há uma semana.

Entenda a crise na Grécia

Embora não esconda a admiração pelo país que adotou, a empresária também não minimiza os efeitos da atual crise. “Nunca tinha visto nada parecido nestes 16 anos que vivo na Grécia ao que está acontecendo hoje”, diz Viviane, que conta ter presenciado diversos protestos e enfrentado paralisação do sistema de transporte público.

Dona de um salão de manicure e pedicure na capital grega, ela diz ter assistido a clientela diminuir quase pela metade nos últimos meses. “Infelizmente, tivemos que cortar funcionários e estamos economizando no que podemos, inclusive [no consumo de] água e luz”, lamenta.

O país enfrenta esta semana uma nova onda de paralisações e protestos desde que se iniciou o debate sobre o pacote para conter a dívida pública - que alcançou 120% do Produto Interno Bruto – com cortes em diversos, setores e congelamento de salários.

Falando grego 
 
Apesar dos percalços causados pela crise, a empresária brasileira diz viver hoje uma situação financeira confortável, que a permitiu “realizar o sonho” de quando desembarcou em Atenas, aos 20 anos: além da casa em que vive, comprou uma casa no Rio e outra para a família, que vive em Nilópolis, na Baixada Fluminense, onde ela cresceu.

Mas a vida na Grécia nem sempre foi assim. Viviane conta que chegou ao país “sem falar uma palavra em grego ou inglês” para viver com uma tia, após deixar o filho, então com 5 anos, sob os cuidados dos pais dela. “Fui mãe adolescente, tive filho com 15 anos e casei. Era muito nova e acabei me separando aos 18. Como minha família era muito humilde e eu estava desempregada, decidi morar com uma tia que vive na Grécia.”

No país, Viviane cumpriu o roteiro comum a muitos brasileiros que vão viver ilegalmente no exterior: trabalhou como empregada doméstica e ajudante de serviços gerais em um hotel numa das paradisíacas ilhas gregas, onde viveu sua pior fase. Sem documentação legal e com um salário incerto, ela lembra que teve de se esconder num saco de lixo para escapar da fiscalização.

“Muitas vezes, quando acabava o serviço, o responsável do hotel me mandava capinar o jardim sob um sol de 40°. Após algum tempo, todas as brasileiras que trabalhavam nesse hotel foram embora, mas como eu tinha acabado de chegar e não falava grego, fui obrigada a passar por aquilo”, lembra.

'Menina do subúrbio'
 
A situação começou a mudar para a brasileira um ano depois, quando voltou para Atenas para assumir outro emprego na casa de uma família. Já com alguma desenvoltura na língua, Viviane conheceu um advogado grego com o qual se casaria e que a ajudou a superar a dificuldade do idioma.

“Hoje me comunico bem porque procurei entrar para o mundo grego e esquecer o brasileiro. Não tive aulas, meu namorado me ensinava. Demorou um ano e meio para ficar fluente. Mas, além disso, tinha a dificuldade de entrar para a cultura grega, que é muito diferente da nossa, principalmente para uma menina do subúrbio”, lembra.

Com ajuda do então marido, Viviane abriu o salão de manicure e pedicure que mantém até hoje. O local, ela conta, logo conquistou uma clientela fiel: primeiro de brasileiros que vivem no país e, depois, de gregos interessados na “qualidade do serviço brasileiro”.
  
Entre idas e vindas ao Rio, “às vezes até três vezes por ano”, para matar as saudades da família, há um ano, a empresária conseguiu levar o filho, hoje com 20, para viver em Atenas. 
  
Olimpíadas 
 
Os rumores de que uma crise financeira mais grave afetaria a Grécia não são de hoje, diz a brasileira. “Desde depois das Olimpíadas [de Atenas, em 2004], todo mundo falava que a Grécia ia passar por uma crise, mas nós não acreditávamos.”

Mas nem as paralisações nos serviços públicos, nem os protestos de trabalhadores que terminam em violentos confrontos com a polícia, abalam a confiança da brasileira de que o país europeu vai superar a crise. “Muitas coisas boas me apareceram aqui, mesmo na crise. Estou confiante que [o país] vai superar sim.”

Fonte: g1.globo.com

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